Decepção por não participar do Mundial
Posted: sexta-feira, 19 de março de 2010 by João in
Principalmente entre aquelas de fora do Rio, a decepção por não participar do Mundial na Suécia é evidente. Jogadoras do Cuiabá Angels, no Mato Grosso, organizaram festas e venderam rifas pizza, docinhos e adesivos. Tudo para comprar os equipamentos e as passagens para os treinos da seleção. O próximo passo seria justamente garantir a ida para a Europa. Não foi desta vez.
- Quando soubemos da seleção, bancamos a ida de um treinador daqui do Rio para Cuiabá para fazer nosso “try out”. Arrecadamos R$ 1.600, e ele foi para lá. Depois, fomos nos planejando para o Mundial. Começamos a vender pizza, adesivos para juntar dinheiro. Não temos técnico profissional, aprendemos tudo através de vídeos na internet. Eu fiz todo o planejamento, academia para me preparar, tudo... Para chegar aqui e encontrar este obstáculo. É frustrante – disse Susanna Tragni, running back que veio de Cuiabá, mas não treinou, lesionada.
A principal reclamação das mato-grossenses é com a forma que souberam que não jogariam o Mundial. Elas dizem que só foram saber ao ver a lista de jogos da competição e notar que o Brasil não estava escalado na tabela de jogos. Deny afirma que avisou a todas por e-mail, mas que pode ter surgido um problema de comunicação no meio do caminho.
Apesar das dificuldades, Deny diz que os passos estão sendo dados. O projeto para ser apresentado a possíveis patrocinadores está pronto desde o surgimento da seleção. O custo inicial para bancar viagens, equipamento e participações da equipe em campeonatos fora do país passava dos R$ 400 mil. Por conta das dificuldades de encontrar quem se dispusesse a apostar nas meninas, o valor precisou ser alterado. Mesmo assim, até agora nenhum “salvador” apareceu.
- Em outubro, nosso orçamento era de R$ 400 mil. Mas fomos diminuindo, até chegar a R$ 200 mil. A gente tinha até uma empresa de marketing por trás, para apresentar os projetos para as empresas, mas até agora não tivemos resposta – afirmou Deny.
Embora o principal problema seja a falta de dinheiro, as dificuldades em campo também atrapalham. Como o futebol americano ainda é pouco disputado no Brasil, o esporte é praticado de diferentes formas no país, com sete, nove, e 11 jogadores, que é o número oficial. Para Neuza Cristina, a Cris, também de Cuiabá, a seleção precisa de um tempo maior para se preparar.
- Eu acho que nós ainda não estamos preparadas. Em Cuiabá, jogamos sempre com 11 jogadoras, mas a maioria não joga assim. Algumas nem jogam na grama. Quando surgiu a ideia (da seleção), o pessoal disse sim na animação. Depois de quatro meses, viemos para cá. Mas precisamos nos preparar muito mais. São meses de adaptação para jogar com o equipamento, na grama. Aí, sim, vamos observar um padrão. Temos de ter uma base. Mas fiquei muito animada. É uma grande experiência, participar da primeira seleção brasileira – disse Cris, que joga como quarterback.
O orgulho de jogar na primeira seleção feminina também é geral. Kariny Soares, a Leão, espera poder levar a equipe para Vila Velha, de onde veio.
- É muito legal participar disso aqui. É a segunda vez que venho para o Rio me encontrar com elas. Espero poder jogar lá em Vila Velha - disse
FONTE:http://globoesporte.globo.com/Esportes/Noticias/Mais_Esportes/0,,MUL1534739-16317,00.html